segunda-feira, 26 de setembro de 2016

PROCLAMAÇÃO DA ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS




DISCURSO DA MINISTRA DA CULTURA NA CERIMÓNIA DE PROCLAMAÇÃO DA ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS
(Luanda, 15 de Setembro de 2016)

Excelência, Sr. Presidente da Academia Angolana de Letras, Dignos membros da Academia Angolana de Letras, Ilustres Deputados, Caros Membros do Executivo angolano, Senhores Embaixadores, Minhas Senhoras e meus Senhores, Foi com enorme prazer que aceitei o convite para proferir algumas palavras no acto de proclamação da Academia Angolana de Letras, que marca ao mesmo tempo a tomada de posse dos seus primeiros órgãos sociais. O prazer e a honra são ainda maiores, porque se trata da primeira Academia Angolana, enquanto associação que reúne intelectuais de elevado gabarito – neste caso, representando as Letras angolanas. Trata-se de um reduzido grupo de intelectuais (apenas 43), indigitados para aqui representarem a Literatura e os Estudos Sociais angolanos. São pessoas de reconhecido mérito, intelectuais de craveira, que para além de possuírem obra publicada, essa mesma obra é estudada em conceituadas universidades do nosso país e do estrangeiro. E estão também incluídos em Antologias e outros trabalhos colectivos, que são estudados em várias partes do mundo. Graças a vós, Angola passa a partir de hoje a ombrear com outros países, possuindo uma Academia de Letras que se vai ocupar da difusão das Letras Angolanas, dentro e fora de portas. A recém-proclamada Academia Angolana de Letras surge na sequência da instituição, a 10 de Dezembro de 1975, da União dos Escritores Angolanos, e do crescimento dos Estudos Sociais Angolanos, graças ao impulso dado pelos sucessivos governos ao Ensino Superior e à Investigação Científica, após a proclamação da independência do nosso país. Mas a novel Academia Angolana de Letras possui uma tradição académica, jornalística e literária antiga, cujas origens remontam a meados do século XIX. Como percursores e impulsionadores da Literatura Angolana e dos Estudos Sociais Angolanos, podemos mencionar os nomes de José de Fontes Pereira e Joaquim Dias Cordeiro da Matta, os de António de Assis Júnior, Arsénio do Carpo, Francisco das Necessidades Ribeiro Castelbranco, Manuel Alves de Castro Francina, Pedro da Paixão Franco e Pedro Félix Machado, bem como Agostinho Neto, António Jacinto, Mário António Fernandes de Oliveira, Mário Pinto de Andrade e Viriato da Cruz. A resistência à colonização e a necessidade de retorno aos valores da Cultura Africana marcaram por mais de um século, quer a Literatura, quer os Estudos Sociais Angolanos. A preservação escrita das línguas nacionais ocorre desde longa data, assinalando-se a publicação dos “Elementos Gramaticais da Língua Mbundu” no ano de 1864, para além de uma série de textos em língua nacional, publicados em jornais. A Literatura Angolana e os Estudos Sociais Angolanos marcaram também a sua presença indelével no período de luta armada de libertação nacional. Essa contribuição tem a ver não apenas com a libertação do jugo colonial, mas também com a união dos angolanos no quadro dessa mesma luta pela obtenção da auto-determinação e da independência política. A contribuição dessas áreas tem ainda maior valor, se considerarmos a importância destes dois vectores no quadro da materialização do ideal nacionalista de consolidação da Nação Angolana. Caros Membros da Academia Angolana de Letras, Distintos convidados, A tradição das Academias de Letras remonta ao século XVII, com a criação da Académie Française, no ano de 1635. A mais antiga Academia de Letras do mundo possui 40 membros, conhecidos pelas designações “Os Quarenta” ou “Os Imortais”. A Academia Angolana de Letras vai certamente recorrer à tradição das suas congéneres espalhadas pelo mundo, fazendo juz à importante presença deste nosso grupo restrito de intelectuais (o “Grupo dos 43”) na análise dos fenómenos sociais e das questões ligadas à Cultura, à Literatura, à Linguística e às Artes angolanas. Caros Membros da Academia Angolana de Letras, Tenho plena consciência dos enormes desafios que tendes pela frente, enquanto intelectuais ligados às Letras Angolanas. Apesar disso, pretendo apresentar-vos algumas sugestões que nos inquietam, enquanto Estado e enquanto Sociedade angolanos. O factor cultural é fundamental, quando nos referimos à Angolanidade. Por isso, o primeiro desafio que aqui vos deixo tem a ver exactamente com a identificação (para posterior preservação) daquelas características que fazem de nós seres humanos, mas que nos colocam em África e, mais ainda, que fazem de nós Angolanos. Será determinante a vossa contribuição para definição dos contornos da Angolanidade e para encontrarmos todos em conjunto os passos que conduzirão à real consolidação da Nação Angolana. Em segundo lugar, gostaria de deixar convosco o importante desafio da contribuição para salvaguarda dos valores morais, num momento em que registamos a sua quebra acentuada e precisamos por isso de reflectir acerca do rumo a tomar no processo educativo e no processo de socialização que as famílias devem continuar a liderar. Um terceiro desafio tem a ver com a introdução das Línguas Nacionais no sistema de educação e ensino, que o Executivo angolano começou já a implementar e os intelectuais são chamados a contribuir nessa direcção. Como se sabe, os resultados são mais animadores quando as crianças têm acesso à educação na sua língua materna. Não posso deixar de mencionar um quarto importante desafio, na sequência da tradição da Académie Française. Refiro-me à necessidade que temos de elaborar o Padrão Angolano da Língua Portuguesa , pelo que a Academia Angolana de Letras pode contribuir activamente para a definição da gramática e do léxico do Padrão Angolano da Língua Portuguesa. São quatro importantes desafios, que podeis certamente agendar no vosso programa de trabalhos. Caros Membros da Academia Angolana de Letras, Gostaria de sublinhar aqui o facto de a proclamação da Academia Angolana de Letras ocorrer exactamente no Dia Internacional da Democracia, que este ano se celebra segundo o lema “Fortalecer a Democracia é condição essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável até 2030”. É indiscutível o papel das Letras Angolanas na promoção e preservação das conquistas democráticas. Os membros desta Academia podem contribuir para o processo de democratização em curso no nosso país, fazendo ouvir a sua voz em prol das políticas públicas de inclusão social e na mobilização dos cidadãos para a acção cívica. Enquanto parceira do Executivo angolano, a Academia deverá ser mais um local de debate acerca da participação dos cidadãos na concepção e execução de políticas públicas, bem como da sua contribuição para a melhoria das condições de vida e de trabalho dos angolanos. Caros Membros da Academia Angolana de Letras, Distintos convidados, Foi com incontida emoção que tomámos conhecimento da indigitação do Dr. António Agostinho Neto como Patrono da Academia Angolana de Letras. Para além de ter sido quem proclamou a independência do nosso país, enquanto Primeiro Presidente de Angola, trata-se realmente de uma figura ímpar nas Letras Angolanas, que deixou obra literária e amplas reflexões acerca da Sociedade e da Cultura angolanas. Estou convencida que o “Grupo dos 43” saberá honrar a memória dos percursores e impulsionadores da Literatura Angolana e dos Estudos Literários Angolanos, bem como a memória do Patrono da Academia. Da parte que nos toca, posso garantir o apoio institucional que o Ministério da Cultura prestará à Academia Angolana de Letras. Hoje, 15 de Setembro dia Internacional gostaríamos de ressaltar que aos intelectuais que se reúnem nesta Academia cabe igualmente o dever de fazer ouvir as suas vozes para mobilizar os cidadãos para o reforço da democracia e garantir o progresso de me sociedade inclusiva prospera e socialmente justa. Caros Membros da Academia, O Executivo angolano lidera por Sua Excelência José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola congratula-se com a proclamação da Academia Angolana de Letras e augura os maiores sucessos a esta associação, que reúne alguns dos nomes mais sonantes da intelectualidade angolana contemporânea. Bem haja a Academia Angolana de Letras. Muito obrigada.

DISCURSO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS BOAVENTURA CARDOSO

Excelências, Vimos hoje aqui testemunhar a proclamação da Academia Angolana de Letras. A escolha deste mês e deste emblemático monumento como local da fundação desta instituição não foi fruto do acaso. Foi, deliberadamente, uma clara intenção de lembrar e evocar Agostinho Neto, fundador da Nação Angolana, primeiro Presidente de Angola e insigne homem das letras angolanas. Recordar NETO é, necessariamente, evocar parte significativa da história recente do povo angolano, pois a vida do poeta confunde-se com a do político e do estadista. Evocar NETO é, implicitamente, falar da gesta que foi a luta de libertação nacional e de todos quantos com ele trilharam os sinuosos caminhos que nos conduziram à Independência Nacional. Homenagear NETO é falar do universalismo do seu percurso como político e da sua obra como homem de cultura. No seu pensamento e obra facilmente apreendemos que ele foi um homem não só preocupado com o futuro do seu povo, como também com o mundo. Deste modo, como homenagem à sua elevada distinção como escritor e homem de cultura, os Membros Fundadores da Academia Angolana de Letras decidiram plasmar no seu Estatuto que António Agostinho Neto é o seu Patrono, ao qual é atribuída a Cadeira Perpétua N. 1. Excelências, Ilustres Convidados, A 10 de Dezembro de 1975, uma plêiade de escritores angolanos, liderados por Agostinho Neto, declarava constituída a primeira associação cultural após a proclamação da Independência Nacional - a União dos Escritores Angolanos. Decorridos quarenta anos, a Literatura Angolana é, hoje, uma referência incontornável do percurso glorioso da Nação Angolana. Os escritores, como é consabido, narrativizam a Nação, dando sentido ao projecto da sua construção simbólica. Com as suas obras, os escritores concebem, reconfiguram e actualizam constantemente a ideia de pátria e de nação. Ontem, foram os escritores os impulsionadores de uma certa consciência nacionalista, apesar do contexto colonial que predominava na antiga província ultramarina. Foram eles que, mesmo sabendo que a utopia era inalcançável, agiram como se tal fosse historicamente possível. Hoje, os escritores continuam a construir uma Nação literária, em demanda de uma Nação em processo de cria- ção, mesmo que às vezes tal possa não parecer tão evidente e linear. É que a literatura nem sempre se conforma com a vida; às vezes, ou se atrasa ou se avança em relação à realidade social, política e histórica em que estamos ancorados; às vezes - diríamos mesmo muitas vezes – a realidade do escritor pode dissentir da realidade em que estamos inseridos. De qualquer modo, nunca a literatura será cópia fiel da realidade, porque esse nunca foi, aliás, o seu propósito. Seja como for, os escritores angolanos reconhecem-se e identificam-se pela sua matriz cultural, numa palavra, pela sua angolanidade, relevando, é claro, que mesmo essa tem a sua dinâmica interna caracterizada pela diversidade cultural. Por outras palavras, a angolanidade literária não deve conflituar com os diversos modos de ser e de estar dos angolanos, enquanto filhos de uma mesma Pátria e Nação em construção. Nos nossos dias, Angola é projectada a nível internacional não só pelas suas realizações nos campos político, económico e social, como também pelo alto ní- vel estético e literário das obras dos seus escritores. São disso prova bastante o número de estudos sobre a Literatura Angolana, em teses de licenciatura, de pós-graduação, de mestrado e de doutoramento, em renomadas e prestigiadas universidades no mundo. Deixamos aqui, a esse propósito, o nosso preito e homenagem a alguns dos mais destacados pioneiros de estudos sobre a nossa escrita literária, nomeadamente, os angolanos Carlos Ervedosa e Mário António Fernandes de Oliveira; os portugueses Manuel Ferreira e Alfredo Margarido; a brasileira Maria Aparecida Santilli; os norte-americanos Gerald Moser e Russel Hamilton, e os franceses Jean - Michel Massa e Michel Laban. Uma trajectória igualmente frutuosa, podemos assinalar no domínio das Ciências Sociais mercê ,não só da criação de várias faculdades especializadas nesse ramo, mas sobretudo pelo rigor metodológico de aturadas investigações realizadas por sociólogos, antropólogos, historiadores, filósofos, linguistas, sociolinguistas e outros no vastíssimo campo das Humanidades. Graças a esses estudiosos das Ciências Sociais e Humanas vamos conhecendo, compreendendo e interpretando cada vez melhor a nossa sociedade, em particular os processos e fenómenos que são reflexo de comportamentos e de atitudes dos membros das diversas comunidades sócio-históricas de Angola. Por isso, a Academia acolhe-os no seu seio como membros de pleno direito, homenageando, assim, por seu intermédio, todos os investigadores sociais angolanos. A Academia Angolana de Letras pretende ser reconhecida como uma autoridade em matéria do estudo e da investigação da literatura angolana, da língua portuguesa, das línguas nacionais e das disciplinas correlatas, seja como parceira do Executivo ou de quaisquer instituições científicas sempre que for chamada a emitir a sua opinião, seja por iniciativa própria sobre matérias da sua competência. Não queremos perder tempo com discursos cristalizadores e perlengas academicistas, mas antes promover debates, colóquios e conferências profícuos, de indiscutível rigor científico. Gostaríamos que a Academia Angolana de Letras, sem demagogia, se abrisse à sociedade. Nesse sentido, ela pode e deve, por exemplo, interagindo com as escolas do nível secundário e as universidades, induzir a que se passe do "grau zero da recepção" a uma cada vez mais elevada e melhorada estética da recepção do que há de excelente na literatura angolana e dos clássicos da literatura universal. Do ambicioso Plano de Acção 2016-2020, da Academia, destacamos os seguintes projectos: 1) Estudos sobre a Variedade Angolana do Português; 2) História da Literatura Angolana; 3) Vocabulários Temáticos e Terminologia das Línguas Nacionais. A Academia propõe-se ainda desenvolver as seguintes actividades culturais no quadriénio: 1) Palestras e conferências em colaboração com escolas do ensino secundá- rio e universidades; 2) Um Colóquio Internacional sobre o Ensino da Literatura Angolana e a Formação do Cânone Literário em Angola. No plano de Publicações e Comunicação vai instituir prémios e concursos para a divulgação da Literatura Angolana, das Línguas Nacionais e Estudos Sociais angolanos. No capítulo das Relações Internacionais a Academia pretende desenvolver acções de cooperação com Academias de Letras de outros países e diligenciar filiar-se na União Académica Internacional. Agradecemos a todos quantos votaram a favor da lista única levada a escrutí- nio no passado dia 3 de Setembro, e aqui afirmamos a nossa inteira disponibilidade em agir em prol do prestígio a nível nacional e internacional da Academia Angolana de Letras. O simples surgimento da ideia da criação de uma academia suscitou alguns rumores no seio da nossa comunidade de escritores. Queremos aqui assegurar que a Academia não foi criada para neutralizar o espaço de quem quer que seja, muito em particular o da nossa Casa-Mãe – a União dos Escritores Angolanos. A Academia tem como Membros Fundadores quase todos os membros que fundaram a União, para além de integrar também alguns membros da sua actual Direcção. Do nosso conhecimento, nenhum dos escritores membros da Academia renunciou ao seu estatuto de membro da União. A União dos Escritores Angolanos e a Academia Angolana de Letras podem, pois, coexistir em estreita cooperação. A grande diferença entre as duas associações, é que a Academia é um órgão vocacionado para a investigação, para além de ser muito selectivo. A Academia Angolana de Letras, seguindo a tradição de outras academias do mundo, tem um numerus clausus: é constituída por apenas 43 membros, dos quais 42 são efectivos e um é o seu Patrono. Podem, pois, imaginar a dificuldade que a Comissão Instaladora da Academia teve para decidir quem deveria ocupar aquelas limitadas vagas. De qualquer modo, na melhor oportunidade e de acordo com o seu Estatuto, a Academia criará uma Comissão Ad-Hoc para analisar as eventuais candidaturas a Membros Efectivos, visando preencher as poucas vagas ainda disponíveis, para o que dará a devida publicidade. Como acontece ainda hoje nas academias centenárias, há-de se questionar sempre sobre que critérios foram observados para admitir este e não aquele como membro da Academia. Entretanto, temos a plena consciência de que ficaram de fora da Academia muitos escritores com créditos firmados e cientistas sociais com obra de alto nível científico. Fica, pelo menos, a perspectiva de que alguns desses intelectuais possam vir a ser chamados a colaborar com a Academia em projectos específicos. A Academia será sempre um espaço de diálogo e de partilha. Nesta ocasião solene a Academia Angolana de Letras presta tributo aos precursores da Literatura Angolana e dos Estudos Sociais Angolanos e aos membros fundadores da União dos Escritores Angolanos que partiram para uma outra dimensão da vida. Agradecemos a todos quantos contribuíram para que esta cerimónia pudesse ser realizada como previsto, nomeadamente ao MAAN, à UEA, ao artista plástico Horácio da Mesquita por, com toda a sua mestria, ter concebido o emblema, a sigla, o brasão e a bandeira da Academia; e ao jurista Aguinaldo Cristóvão por laboriosamente ter dispensado muitas horas na redacção do Estatuto desta instituição. Finalmente, deixamos aqui o nosso apreço à Orquestra Kaposoka e aos seus virtuosos integrantes, que aqui estiveram a deleitar-nos com as suas excelentes interpretações, e a recordar-nos que a excelência nas artes – e não o puro divertimento – só se alcança com muito trabalho e dedicação. Bem haja a Academia Angolana de Letras. Luanda, 15 de Setembro de 2016

ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS PROCLAMAÇÃO
Atradição literária angolana, nas suas manifestações modernas, remonta ao século XIX e prossegue através das gerações subsequentes que emergem durante o século XX, traduzindo a consagração da prática criativa e da investigação social sistemática nas suas dimensões normativa e analítica com expressão sublime fundada na obra de eminentes intelectuais e pensadores angolanos, dentre os quais António Agostinho Neto, o patrono da Academia Angolana de Letras. No dealbar do novo milénio, a Academia Angolana de Letras representa a projecção de aspirações colectivas que as primeiras elites intelectuais veicularam por força de uma acção vibrante, tendo em vista o registo indelével de uma literatura a que subjaz uma soberania epistemológica, à luz das temporalidades históricas seculares. Por essa razão, a constituição da Academia Angolana de Letras vem imortalizar o magistério intelectual dos precursores e fundadores que, na sua gloriosa acção, lançaram as bases convencionais para a definição da Literatura Angolana e dos Estudos Sociais Angolanos, englobando a produção literária oral e escrita, em línguas nacionais e em língua portuguesa. Desse modo, a autoridade da Academia Angolana de Letras legitima-se no sistema literário e nos estudos sociais como uma emanação da tradição cultural endógena que encontra a sua forma mais representativa no conhecimento avançado sobre as realidades social e cultural que contribuem para a formação histórica de Angola. Assim, considerando que a missão e a vocação principal da Academia Angolana de Letras consiste na realização profícua de programas e acções de promoção, valorização e divulgação dos estudos sociais avançados sobre a tradi- ção oral, a criação literária, as línguas, as literaturas e as comunidades humanas. Os abaixo-assinados proclamam a ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS. Adriano Botelho de Vasconcelos Alexandre do Nascimento Almerindo Jaka Jamba Aníbal Simões Antero Abreu António Fernandes da Costa António Fonseca António Quino 6 | PROCLAMAÇÃO 26 de Setembro a 9 de Outubro de 2016 | Cultura Cultura |26 de Setembro a 9 de Outubro de 2016 PROCLAMAÇÃO | 7 Carlos Alberto Van-Dúnem Carlos Pimentel Carmo Neto Emílio de Carvalho (Bispo Emérito) Arlindo Barbeitos Arnaldo Santos Artur Pestana (Pepetela) Boaventura Cardoso Fonseca Wochay Fragata de Morais Garcia Bires Henrique Guerra Irene Guerra Marques João Maiomona João Melo Jofre Rocha 8 | PROCLAMAÇÃO 26 de Setembro a 9 de Outubro de 2016 | Cultura José Luandino Vieira José Luís Mendonça José Mena Abrantes José Octávio Serra Van-Dúnem Lopito Feijó Luís Kandjimbo Manuel dos Santos Lima Maria Eugénia Neto Octaviano Correia Paulo de Carvalho Roderick Nehone Rosário Marcelino Vatomene Kukanda Victor Kajibanga Virgílio Coelho


ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO PLANO DE ACÇÃO 2016-2020 • Administração, Finanças e Património 1.Elaborar a proposta de orçamento para o biénio 2016-2017 a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Extraordinária da AAL. 2.Criar condições materiais para a instalação da AAL na sua sede provisória. 2.Encetar contactos com institui- ções públicas e privadas tendo em vista a obtenção de apoios para aquisição de um imóvel destinado a sede da AAL. 3.Criar a Comissão Ad-Hoc que se ocupará da atribuição de nomes às cadeiras vitalícias e definição dos crité- rios para a sua ocupação. 4.Negociar com empresas públicas e privadas que venham a ser propostas como membros beneméritos da AAL. 5.Iniciar diligências com instituições competentes do Executivo para aquisi- ção do estatuto de utilidade pública. 6. Elaborar Regulamentos de Funcionamento da AAL. • Investigação Científica 1.Criar a Comissão Ad-Hoc que se vai encarregar da abertura do concurso curricular para a composição do Conselho Científico da AAL. 2.Designar os candidatos admitidos no âmbito do concurso realizado para a composição do Conselho Científico da AAL. 3. Elaborar o plano de investigação científica da AAL 4.Criar Comissões de Trabalho tendo em vista a realização dos seguintes projectos: a)Estudos sobre a Variedade Angolana do Português; b)História da Literatura Angolana; c)Vocabulários Temáticos e Terminologia das Línguas Nacionais. 5. Apresentar a posição da AAL sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. • Actividades Culturais 1.Assinar acordos de colaboração com os Ministérios da Educação e Ensino Superior. 2.Promover palestras e conferências em colaboração com escolas do ensino secundário e universidades. 3.Promover cursos de Introdução ao Conhecimento da Cultura Angolana destinado a estrangeiros e público interessado. 4.Realizar um colóquio internacional sobre o Ensino da Literatura Angolana e a Formação do Cânone Literário em Angola. • Publicações e Comunicação 1.Editar obras fac-similadas e reeditar obras clássicas de autores do sé- culo XIX e XX. 2.Instituir prémios e concursos para a divulgação da Literatura Angolana, das Línguas Nacionais e Estudos Sociais angolanos. 3.Publicar o boletim da AAL. 4.Negociar com as estações de rádio e televisão para a criação de programas específicos de divulgação e abordagem científica da Literatura Angolana, das Línguas Nacionais, da Língua Portuguesa e dos Estudos Sociais angolanos. • Relações Internacionais 1.Realizar diligências junto das Embaixadas e Missões Diplomáticas acreditadas em Angola tendo em conta necessidade de divulgar a visão e objectivos da AAL. 2.Desenvolver acções de coopera- ção internacional com Academias de Letras de outros países. 3.Estabelecer contactos com a Academia de Ciências de Lisboa, a Academia Sul-Africana para Ciência e Arte e a Academia Ganense de Artes e Ciências de modo a interceder a favor da AAL para efeitos de admissão na União Académica Internacional (UAI) como membro efectivo. 4.Integrar a AAL na União Académica Internacional (UAI), por ocasião da sua 89ª Assembleia Geral, que terá lugar no Japão em Outubro de 2017.
ÓRGÃOS SOCIAIS DA AAL ASSEMBLEIA GERAL
1- Presidente da Mesa da Assembleia Geral - Pepetela 2- Vice - Presidente da Mesa da Assembleia Geral - João Melo 3- Secretário da Mesa da Assembleia Geral - José Luís Mendonça

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 1 - Presidente - Boaventura Cardoso 2 - Vice-Presidente - Luís Kandjimbo 3 - Vogal - Rosário Marcelino

CONSELHO CIENTÍFICO 1 - Presidente - Paulo de Carvalho CONSELHO FISCAL 1 - Presidente - Henrique Guerra 2 - Secretário - Almerindo Jaka Jamba 3 - Relator - António Quino Tomada de posse de Almerindo Jaka Jamba a membro do Conselho de Administração da AAL António Quino, Jaka Jamba, Henrique Guerra, Paulo de Carvalho, Rosário Marcelino, Luís Kandjimbo, Boaventura Cardoso, João Melo, J. L. Mendonça


ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS ESTATUTO (Extractos)
10| PERFIL E MISSÃO 26 de Setembro a 9 de Outubro de 2016 | Cultura

CAPÍTULO I Disposições Gerais
ARTIGO 1.o (Denominação e natureza jurídica) 1. A associação denomina-se Academia Angolana de Letras, abreviadamente A.A.L.. 2. A AAL é uma associação privada sem fins lucrativos, de carácter cultural e científico, que goza de personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira.

ARTIGO 2.o (Âmbito e sede) A AAL é uma associação de âmbito nacional e tem a sua sede em Luanda, no Município da Ingombota, na Avenida Ho-Chi-Min, Largo das Escolas, 1.º de Maio, caixa postal n.º 2767, podendo abrir representações dentro e fora do território angolano.

ARTIGO 3.o (Duração) A AAL tem a sua duração por tempo indeterminado.

ARTIGO 4.o (Fim social) A AAL visa o interesse público e tem por finalidade o estudo e a investiga- ção da literatura angolana, da língua portuguesa, das línguas nacionais, e das disciplinas correlatas.

ARTIGO 5.º (Objectivos) A Academia Angolana de Letras tem os seguintes objectivos: a) Promover e divulgar o estudo da literatura e das letras angolanas; b) Promover o estudo da língua portuguesa e das línguas nacionais; c) Constituir colectâneas, antologias e promover edições de obra completa; d) Promover o estudo das obras de escritores e investigadores angolanos nas universidades, bem como nos centros de estudos especializados; e) Promover conferências nacionais e internacionais sobre a literatura, livro, línguas, património cultural, conhecimento tradicional e demais assuntos de interesse cultural; f) Assegurar o respeito pelos direitos autorais.

ARTIGO 6.º (Modo de representação) A AAL é representada perante terceiros pelo seu Presidente ou por quem este delegar, nos termos do artigo 167.º do Código Civil e da Lei das Associa- ções Privadas.

ARTIGO 7.º (Patrono da Academia Angolana de Letras) O primeiro Presidente da República de Angola, Dr. António Agostinho Neto, é o patrono da Academia Angolana de Letras ao qual, nos termos do presente Estatuto, é atribuída a Cadeira Perpétua n.º 1, bem como a gravação do seu nome na referida cadeira, como homenagem à sua elevada distinção como escritor e homem de cultura.

ARTIGO 8.º (Presidente de Honra) A Academia Angolana de Letras pode, por deliberação da Assembleia Geral, designar um Presidente de Honra. Foto de família dos membros da Academia Angolana de Letras e convidados à gala de proclamação Cultura | 26 de Setembro a 9 de Outubro de 2016 PERFIL E MISSÃO | 11 CAPÍTULO II Dos membros

ARTIGO 9.º (Categorias de Membros) 1. A Academia admite, com reserva, as seguintes categorias de membros: fundadores, efectivos e beneméritos. 2. São membros fundadores os escritores e investigadores angolanos que subscrevam o acto constitutivo da AAL. 3. São membros efectivos da Academia Angolana de Letras os escritores e investigadores angolanos que preencham os requisitos previstos no presente estatuto. 4. São membros beneméritos as personalidades, organismos ou entidades, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, que apoiem ou prestem serviços relevantes à AAL. 5. A Academia admite colaboradores com a categoria de correspondentes. 6. Aos correspondentes aplicam-se os requisitos dos membros efectivos, à excepção da nacionalidade.

ARTIGO 9.º (Requisitos de admissão de membros efectivos) 1. São admitidos como membros efectivos da Academia Angolana de Letras, os escritores e investigadores angolanos que preencham pelo menos dois dos seguintes requisitos: a) Ter obra como objecto de estudo em universidades angolanas e estrangeiras; b) Ter ganho prémios literários ou de investigação em Angola ou no estrangeiro; c) Ter obras que tenham sido objecto de ensaios por especialistas em literaturas africanas de língua portuguesa. 2. Os candidatos a membros devem ser cidadãos com idoneidade comprovada, responsáveis e capazes de contribuírem para a realização dos objectivos da AAL e para a execução dos seus programas. 3. A admissão de membros obedece ao regime de apresentação de candidatura do interessado, que é analisada pela Comissão Ad-Hoc e aprovada pela Assembleia Geral. 4. Os candidatos a membros da AAL devem instruir o pedido de admissão com, pelo menos, cinco (5) subscrições de membros. 5. A avaliação e admissão ou recusa são fundamentados em critérios definidos no n.º1 do presente Artigo, e nos demais ligados à carreira científica, literária, perfil profissional, idoneidade e prestígio. 6. As vagas existentes obedecem ao princípio do numerus clausus e são preenchidas por eleição, mediante escrutínio secreto e directo. 7. O Presidente do Conselho de Administração designa, após consulta ao Presidente da Mesa de Assembleia-Geral, a Comissão Ad-hoc encarregue de analisar as propostas de admissão de membros. 8. A AAL é constituída por 43 membros, dos quais 42 membros são efectivos e um é o Patrono da Academia.

ARTIGO 10.º (Direitos dos membros) 1. Os membros da AAL têm direito: a) A tomar parte ou fazerem-se representar nas Assembleias Gerais, com direito a voto; b) A ser eleitos para os cargos sociais e a fazer parte das Comissões de Trabalho; c) A participar em todas as actividades organizadas pela AAL, de acordo com as modalidades e critérios estabelecidos pelo Conselho de Administra- ção , no âmbito das suas atribuições e competências; d) A solicitar informações sobre todas as actividades da Academia, bem como o acesso a toda a documentação; e) A usufruir de todas as regalias, benefícios e incentivos que a AAL conceda aos seus membros. 2. Aos membros fundadores e aos membros efectivos é assegurado o direito de vínculo perpétuo com a AAL, o qual só é extinto por resignação ou por morte do membro.

ARTIGO 11.º (Deveres dos membros) Os membros da Academia devem: a) Assumir plenamente a sua condição de intelectuais, intervindo na produção literária e investigação científica, bem como na participação noutras actividades de carácter cultural ou científico; b) Respeitar os Estatutos e Regulamentos, elevando o prestígio e progresso da Academia; c) Desempenhar os cargos sociais para os quais forem eleitos na AAL; d) Pagar pontualmente as quotas devidas; e) Contribuir para o prestígio da Academia com estudos e publicações e conferências.

ARTIGO 12.º (Atribuição de cadeiras da AAL) 1. Cada cadeira da Academia Angolana de Letras tem inscrito, com carácter perpétuo, o nome de um escritor ou investigador com obra eminente e reconhecida pelo contributo dado à criação e desenvolvimento da literatura, ciência e cultura angolanas. 2. Os nomes para as cadeiras e a definição de critérios para a ocupação e substituição de cadeiras vitalícias são escolhidos por uma Comissão Ad-Hoc constituída pelos membros eleitos da Mesa da Assembleia Geral, Conselho de Administração e Conselho Fiscal. 3. As cadeiras são ocupadas pelos membros de modo permanente, caso não se verifique nenhuma das situações de extinção da relação jurídica, sendo este direito intransmissível e imprescritível. 4. Os nomes são dados às cadeiras em função do número de membros que forem integrando a AAL, até se completarem os 43 nomes de membros efectivos. 5. As cadeiras destinadas aos membros efectivos da Academia de Angolana de Letras têm inscritos os números dois até ao número 43, de acordo as vagas existentes.

CAPÍTULO III Dos Órgãos Sociais

ARTIGO 13.º (Estrutura) 1. São órgãos sociais da AAL: a) Assembleia Geral; b) Conselho de Administração; c) Conselho Fiscal. 2. Os membros dos órgãos sociais da AAL devem observar o dever de lealdade no cumprimento dos seus deveres, devendo agir com diligência e assegurar o cumprimento da lei e dos Estatutos. 3. Os membros da Assembleia Geral exercem as suas tarefas nos termos do Regulamento Interno da AAL, não sendo remunerados pela sua actividade. 4. O exercício de cargos no Conselho de Administração e Conselho Fiscal da Academia é remunerado, de acordo com subsídio aprovado pela Assembleia Geral. ARTIGO

14.º Mandatos 1. Os titulares dos órgãos da AAL são eleitos para mandatos com a dura- ção de quatro anos, a contar da data da tomada de posse. 2. Os titulares dos órgãos sociais da AAL não podem ser eleitos para o mesmo órgão por mais de dois mandatos consecutivos.

(...) ARTIGO 34.º (Dos símbolos) A AAL tem um emblema, uma sigla, um brasão, indumentária e uma bandeira aprovados pela Assembleia Geral.

ARTIGO 35.º (Transformação e alteração da natureza jurídica) 1. A AAL pode alterar a sua natureza jurídica para um modelo de funda- ção se esta forma de organização institucional se revelar a mais consentânea para a prossecução do seu fim social e objectivos. 2. A deliberação de transformação da AAL deve ser aprovada por mais de dois terços dos membros reunidos em Assembleia Geral.

ARTIGO 36.º (Disposições transitórias) O regime de admissão de membro obedece ao seguinte processo: a) Com a proclamação da AAL são admitidos os membros fundadores; b) Com a tomada de posse dos órgãos sociais são admitidas novas candidaturas a membros. (...)

UM PROCESSO PENSADO CONSENSUAL E TRANSPARENTE
Aos 2 de Julho de 2013, na sede da União dos Escritores Angolanos, teve lugar a primeira Reunião Alargada para apresentação e discussão da ideia de criação de uma academia angolana de letras, sob a iniciativa dos escritores Adriano Botelho de Vasconcelos, Boaventura Cardoso e João Melo. A reunião contou com a presença de membros fundadores da U.E.A., de alguns escritores convidados e do jurista Aguinaldo Cristóvão. Após apresentação da ideia pelo confrade Boaventura Cardoso, foram abordadas as seguintes questões: . Designação da instituição: ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS, abreviadamente A.A.L; . Objectivos; . Patrono da Academia; . Critérios de admissão; . Ingressos a título póstumo; . Número de Cadeiras; . Estrutura da Direcção; . Número de mandatos; . Processo eleitoral; . Estatuto da Academia; . Acto de fundação da Academia. Na referida reunião foi decidido, entre outros: 1) que António Agostinho Neto seria o Patrono da Academia; 2) que seriam convidados para membros fundadores da Academia todos os membros fundadores da União dos Escritores Angolanos, assim como os escritores angolanos cujas obras sejam objecto de estudos sistemá- ticos em universidades ou que tenham sido distinguidos com prémios nacionais ou internacionais; 3) que a Academia teria 42 membros, podendo ter correspondentes no estrangeiro; e 4) que a Academia deveria consagrar-se, para além das letras angolanas, ao estudo da língua portuguesa e à promoção e preservação das línguas nacionais. Finalmente, os escritores presentes concordaram com a proposta de composição da Comissão Instaladora da Academia, integrada pelos confrades Adriano Botelho de Vasconcelos, Boaventura Cardoso e João Melo. Mais tarde, a 17 de Junho de 2014, o escritor Pepetela foi integrado igualmente à Comissão Instaladora, devido à ausência prolongada do país do escritor João Melo, por motivos de força maior. Tratando-se da primeira reunião, foi consenso que todas as questões abordadas deverão ser amadurecidas. Assim, foram realizadas, de 2013 até este ano, 24 reuniões da Comissão Instaladora e 22 reuniões alargadas de membros, cujo resultado está reflectido e expresso nos termos a subscrever na cerimónia de hoje. Entre as inúmeras decisões ao longo do processo constitutivo da Academia Angolana de Letras, destacam-se as seguintes: 1. Alguns investigadores das Ciências Humanas e Sociais deveriam integrar a Academia como subscritores da sua Proclamação; 2. A Cadeira de António Agostinho Neto deverá permanecer sempre vaga, pelo que a Academia passaria a abranger 43 Cadeiras, em vez das 42 sugeridas inicialmente; 3. Em relação às Cadeiras, exceptuando o caso de Agostinho Neto, a sua distribuição deverá ser oportunamente analisada pelos órgãos competentes da Academia, estudando-se a possibilidade de atribuição de Cadeiras a precursores da Literatura Angolana, como Cordeiro da Mata e António de Assis Júnior, bem como a outras figuras de gerações posteriores, como Mário Pinto de Andrade, Viriato da Cruz e António Jacinto. A Comissão Instaladora convidou todos os membros fundadores da União de Escritores Angolanos, assim como os autores angolanos premiados e estudados nas diferentes universidades, a fazerem parte da Academia Angolana de Letras. Alguns deles declinaram o convite que lhes foi formulado, decisão estritamente pessoal que nos cumpre respeitar, embora com pena. No dia 28 de Março de 2016, o Estatuto da Academia Angolana de Letras foi publicado em Diário da República. No dia 23 de Junho de 2016, foram aprovados, em Reunião Alargada, o texto da Proclamação e o Manifesto da Academia Angolana de Letras. No dia 3 de Setembro de 2016, foram eleitos os órgãos sociais da Academia Angolana de Letras, que deverão tomar posse nesta data. A Comissão Instaladora dirigiu correspondência ao Senhor Presidente da República; a todos os futuros Membros da Academia; aos Ministérios da Educação, da Cultura, do Ensino Superior e ao da Justiça e dos Direitos Humanos; a várias empresas, tendo encetado contactos directos com as Direcções de algumas delas; às Embaixadas de Portugal, do Brasil, de Cabo-Verde, de Cuba e de Espanha. As dificuldades encontradas decorreram todas da falta de verbas. Escuso de dizer, entretanto, que nenhuma dificuldade impedirá os criadores angolanos de continuarem a sonhar. Estamos confiantes que melhores dias virão para todos. Afinal, e como nos ensinou o Poeta, é preciso “criar / criar com os olhos secos”. A Comissão Instaladora agradece, penhoradamente, à U. E. A., por todo o apoio material e financeiro dispensado ao projecto de constituição da A.A.L., sem o qual não teria sido possível, sequer, o funcionamento do seu Secretariado Executivo. Agradecemos igualmente, ao Dr. Aguinaldo Cristóvão pela total disponibilidade, empenho e dedicação à elaboração dos Termos de Referência e dos Estatutos, assim como ao artista plástico Horácio Dá Mesquita, pela elaboração do logotipo e de outro material gráfico da nossa Academia. Uma palavra final – profundamente agradecida e comovida – para o Memorial Agostinho Neto, que gentilmente acedeu em realizar este acto simbólico nas suas instalações, erguidas em memória do Fundador da Nação, primeiro presidente da República Popular de Angola e Patrono da Academia Angolana de Letras. Feito em Luanda, aos 15 de Setembro de 2016 João Melo


MENSAGEM DE SAUDAÇÃO DO SECRETÁRIO-GERAL DA UNIÃO DOS ESCRITORES ANGOLANOS À PROCLAMAÇÃO DA ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS MENSAGEM DA ACADEMIA DELLA CRUSCA LIDA PELO EMBAIXADOR CLAÚDIO MISCIA

Em 1948, um grupo de intelectuais que viria a integrar a chamada Gera- ção de 50, criam o primeiro movimento literário dos naturais da terra, o Movimento dos Jovens Intelectuais, enquadrados na Associação dos Naturais de Angola, e fundam o jornal MENSAGEM com o intuito de "marcar o início de uma nova cultura, de e para Angola, fundamentalmente angolana". O sonho destes escritores, dentre os quais se destacaram Agostinho Neto, Viriato da Cruz, António Jacinto e Mário Pinto de Andrade foi decepado dois anos depois pelo regime colonial vigente. Em 1975, após uma luta sem tré- guas contra o colonialismo, Angola alcançava a Independência e, em 10 de Dezembro de 1975, era proclamada a União dos Escritores Angolanos. Sessenta anos depois do encontro dos Novos Intelectuais e quarenta e um anos desde a fundação da UEA, reúnem-se hoje no Memorial António Agostinho Neto os representantes da geração da guerrilha e das gerações que deles herdaram os ideais de emancipação e afirmação cultural da Geração de 50, à sombra libertária da nossa bandeira para fundar a Academia Angolana de Letras. É nosso desejo que a Academia Angolana de Letras continue a representar o símbolo da dignidade e do prestí- gio das mulheres e dos homens das Letras angolanas. Perante a África e o Mundo como uma emanação histórica e uma concretização diferida do sonho dos precursores da Literatura e dos Estudos Sociais Angolanos, dentre os quais se destacaram José da Silva Maia Ferreira, António de Assis Júnior, Cordeiro da Mata, Viriato da Cruz, Agostinho Neto, Alda Lara, Mário Pinto de Andrade, António Jacinto, Mário Antó- nio e muitos outros. Nesta hora sublime, na qualidade de secretário-geral da União dos Escritores Angolanos saúdo hoje o surgimento deste organismo sócio-cultural, com o qual já criou laços de estreita cooperação, num espírito de franca ajuda mútua. Reitero o meu incondicional apoio à missão que a Academia Angolana de Letras se propôs e auguro êxitos no seu esforço intelectual com vista a fortalecer o papel do patrimó- nio literário nacional na promoção da paz e da reconciliação nacional. Cordiais saudações. Luanda, aos 14 de Setembro de 2016 O Secretário-geral António Francisco Luís do Carmo Neto

MENSAGEM DA ACADEMIA DELLA CRUSCA LIDA PELO EMBAIXADOR CLAÚDIO MISCIA

Em 1948, um grupo de intelectuais que viria a integrar a chamada Geração de 50, criam o primeiro movimento literário dos naturais da terra, o Movimento dos Jovens Intelectuais, enquadrados na Associação dos Naturais de Angola, e fundam o jornal MENSAGEM com o intuito de "marcar o início de uma nova cultura, de e para Angola, fundamentalmente angolana". O sonho destes escritores, dentre os quais se destacaram Agostinho Neto, Viriato da Cruz, António Jacinto e Mário Pinto de Andrade foi decepado dois anos depois pelo regime colonial vigente. Em 1975, após uma luta sem tré- guas contra o colonialismo, Angola alcançava a Independência e, em 10 de Dezembro de 1975, era proclamada a União dos Escritores Angolanos. Sessenta anos depois do encontro dos Novos Intelectuais e quarenta e um anos desde a fundação da UEA, reúnem-se hoje no Memorial António Agostinho Neto os representantes da geração da guerrilha e das gerações que deles herdaram os ideais de emancipação e afirmação cultural da Geração de 50, à sombra libertária da nossa bandeira para fundar a Academia Angolana de Letras. É nosso desejo que a Academia Angolana de Letras continue a representar o símbolo da dignidade e do prestí- gio das mulheres e dos homens das Letras angolanas. Perante a África e o Mundo como uma emanação histórica e uma concretização diferida do sonho dos precursores da Literatura e dos Estudos Sociais Angolanos, dentre os quais se destacaram José da Silva Maia Ferreira, António de Assis Júnior, Cordeiro da Mata, Viriato da Cruz, Agostinho Neto, Alda Lara, Mário Pinto de Andrade, António Jacinto, Mário Antó- nio e muitos outros. Nesta hora sublime, na qualidade de secretário-geral da União dos Escritores Angolanos saúdo hoje o surgimento deste organismo sócio-cultural, com o qual já criou laços de estreita cooperação, num espírito de franca ajuda mútua. Reitero o meu incondicional apoio à missão que a Academia Angolana de Letras se propôs e auguro êxitos no seu esforço intelectual com vista a fortalecer o papel do patrimó- nio literário nacional na promoção da paz e da reconciliação nacional. Cordiais saudações. Luanda, aos 14 de Setembro de 2016 O Secretário-geral António Francisco Luís do Carmo Neto Muito obrigado! Cumpro o dever de dirigir-me a vocês com a mensagem que foi escrita pelo presidente da Accademia della Crusca, que em português pode ser entendida como a “academia do farelo”, interpretando deste modo a ideia de dividir o farelo ou o trigo bom do mau, no sentido de quer dizer manter a língua pura, esclarece o embaixador de Itália em Angola, que em seguida lê a mensagem de Cláudio Marazzini, presidente da referida academia: “Ilustre doutor Boaventura Cardoso, estimo em nome da Accademia della Crusca e no meu pessoal, os mais calorosos agradecimentos e felicitações pela inauguração da Academia Angolana de Letras. Estou certo que não faltarão ocasiões de profícua colaboração cultural entre as nossas academias, e considero que a Itália possa e deve encarar com agradado a abertura da vossa prestigiosa academia”.

CORSINO TOLENTINO TROUXE UM ABRAÇO DA ACADEMIA DE LETRAS DE CABO-VERDE

Magníficos membros da Academia Angolana de Letras e distinta ministra da Cultura, Carolina Cerqueira. Foi-me pedido pela Academia Cabo-verdiana de Letras de vos transmitir um abraço cabo-verdiano de todos aqueles que vos têm no coração. Além disso, queria sublinhar a coincidência de estarmos a participar em Angola num congresso organizado pela Universidade Católica de Angola, sobre a Língua Portuguesa e a Internacionalização do Ensino. É uma linda coincidência, dado que termina no dia da proclamação da Academia Angolana de Letras, 15 de Setembro", sublinha o escritor e nacionalista cabo-verdiano. Nas sucinta mas calorosa intervenção, fez também saber: "Como saberão, daquilo que se ouviu no manifesto sobre a missão da Academia Angolana de Letras, ela desempenhará um papel muito importante, não apenas enquanto organização da sociedade civil mas também como parceira do governo e das universidades e de todas entidades interessadas no desenvolvimento da cultura e do uso da língua portuguesa. Devo dizer, e muito rapidamente, que tenho muito prazer e honra de estar aqui e encontra-vos. Saibam que influenciaram muito, e continuam a influenciar a minha atitude, o meu comportamento e a minha capacidade de trabalhar. Porquê? Porque sonham. Sonham os nossos países. Sonham na língua comum: a Língua Portuguesa, com as particularidades necessá- rias. E fazem da realidade este encontro entre o sonho e o dia-a-dia. É por isso que farei chegar a mensagem à Academia Cabo-verdiana de Letras, a ser sabido pela doutora Vera Duarte, que é a presidente, que sucedeu uma pessoa que vos foi muito querida, que é Corsino Fortes. Então director geral da Fundação Calouste Gulbenkian e membro fundador da Academia das Ciências e Humanidades de Cabo-Verde, Corsino Tolentino terminou agradecendo pela oportunidade de partilhar e assistir a este acto, e desejou igualmente muita felicidade na realização dos sonhos e objectivos desta academia que seguramente defenderá os mais profundos interesses das línguas e culturas angolanas e africanas, em geral.

INSTITUTO INTERNACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA ABERTO À COOPERAÇÃO COM A ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS

Presente no acto de proclamação da Academia Angolana de Letras, Marisa Mendonça, directora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, reagiu ao nascimento desta importante instituição mostrando-se interessada em colaborar com a Academia Angolana de Letras, tal como o seu instituto tem vindo a fazer com a Academia de Letras de Cabo-Verde, reforçando que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa está sediado na cidade da Praia, ao que fortalece mais ainda os laços culturais entre os dois países e se estende uma ponte para melhor percepção do pacote cultural, a nível da língua e literatura, dos países africanos de língua portuguesa. "Penso que juntos, no que toca a trabalhos, tornar-nos-á muito mais forte e poderemos levantar com maior assiduidade casos que se levantam em cada região falante da língua portuguesa. Somos uma instituição absolutamente abertas à cooperação. As academias de Letras têm missões muito específicas, e complementam aquilo que é o trabalho e objecto de estudo do Instituto Internacional de Língua Portuguesa. As academias de Letras atingem também públicos diferenciados que muitas vezes nós como instituto não conseguimos, de maneira que - para a promoção da língua portuguesa, que é a todos os níveis uma entidade diversa, dado que temos uma língua mas de várias vozes - é um passo muito importante. Cada um destes paí- ses tem uma variedade diferente da Língua Portuguesa. Por estes motivos, estamos totalmente abertos em trabalhar com a Academia Angolana de Letras, que pode dar contribuições incontornáveis a ver com questões de fundo sobre os estudos da Língua Portuguesa e em língua portuguesa". Do desenvolvimento gradual da língua e a da presença/interferência das línguas nacionais, garante estar certa de que a língua, do ponto de vista sociolinguístico, acompanha e sofre as transformações das sociedades, sendo que a ní- vel lexical, que são as entidades que mais mudam numa língua, mereceu um projecto que contempla já os vocabulários de Moçambique, Brasil e Cabo-verde. analisa a directora: "Verificamos que em diferentes países o empréstimo é verificado com frequência. As línguas nacionais emprestam, de acordo com a realidade linguística das localidades, palavras ao português, como em alguns casos vemos também línguas nacionais pulverizadas de palavras em português. Em Moçambique como em Angola são maioria linguística bantu, e estes termos funcionam na língua com acentuado pragmatismo. Não podemos crer que a língua que se falava há um século seja a mesmíssima que se fale agora, para além de que temos nos PALOP esta apropriação das línguas, entre a Língua Portuguesa e as línguas bantu, como processo natural da evolução sociolinguística". 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

FUNDAÇÃO DA ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS

DECORREU ONTEM, DIA 15 DE SETEMBRO DE 2016, ÀS 16.00 HORAS, NO MEMORIAL AGOSTINHO NETO, A PROCLAMAÇÃO DA ACADEMIA ANGOLANA DE LETRAS E A TOMADA DE POSSE DOS SEUS CORPOS GERENTES E DOS ACADÉMICOS, ESTES PERFAZENDO UM TOTAL DE 43, SENDO A CADEIRA NÚMERO UM DEDICADA AO SEU PATRONO À PERPETUIDADE, O DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO, POETA E FUNDADOR DA NAÇÃO.